segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Distância

Acho que nunca estivemos tão afastados, tão separados, tão distantes. E, infelizmente, não se trata de uma distância física ou geográfica. Pelo contrário, o que nos separa neste momento são as dores, as desilusões, as mágoas e o silêncio. O silêncio…Esse torturante silêncio que destrói sonhos, desfaz ilusões, aniquila toda e qualquer esperança de felicidade. Mesmo para mim, que nunca acreditei na felicidade…Não te sei dizer como me sinto…Sinto tantas coisas em simultâneo e, ao mesmo tempo, uma estranha sensação de vazio. Faltas-me. Isso sei, isso sinto, isso vivo. A minha vida e o meu dia a dia não são os mesmos sem ti. O teu sorriso alegrava-me, os teus olhos faziam-me sonhar, os teus abraços e o teu carinho reconfortavam-me. E os teus sonhos, fossem eles utopias ou pesadelos, levavam-me para longe. Levavam-me para outros mundos. Levavam-me da realidade onde eu nunca me encaixei, onde eu não sei se algum dia encaixarei.

Sem ti, sem te ter por perto, tudo se torna insípido e sensaborão. Já sei que, se agora me lesses, terias provavelmente um acesso de fúria e vociferarias contra esta minha estúpida veia romântica e nostálgica de me entregar às palavras. Mas sabes uma coisa? Até dos teus acessos de fúria tenho saudades, das tuas mudanças de humor, das súbitas – e quase sempre inexplicadas – alterações de expressão.

Só não tenho saudades de uma coisa. De te ver sofrer. De sentir que era eu a razão desse sofrimento. De te fazer chorar. De te fazer perder o chão e o equilíbrio. Talvez – como eu - sofras neste momento. Talvez esta minha atitude seja mais um gesto de cobardia por preferir sofrer sozinho, por optar por não assistir ao teu sofrimento, por enfiar a cabeça debaixo da areia à espera que as tempestades passem. Bem sei que, com as tempestades, segue também a minha vida. E também sei que essa vida não volta atrás. Nada volta atrás…

É tudo tão estranho e complicado. Eu sou tão estranho e complicado. Por mais voltas e voltas que dê, nunca me consigo entender, nunca consigo seguir determinado por este ou por aquele caminho. Como se estivesse preso, de mãos e pés atados, e me deixasse levar. Sem opção, sem escolha, sem vontade.

E, no entanto, Amo-te. Seria tudo tão mais fácil se eu não te Amasse, se eu fosse capaz de virar a página, se eu fosse capaz de te colocar numa prateleirinha qualquer como um bibelot de recordação de uma viagem passada. Mas nada se passa assim... Bem sei que te tenho sempre comigo: no meu coração, nas minhas recordações, nas minhas palavras e nos meus sonhos. Bem sei que aí tens uma morada segura e que aí ninguém te tocará, que ninguém te apagará ou suplantará. Sei que no meu coração terei sempre oportunidade de te mostrar o quanto te Amo, o quanto significas para mim, o valor do carinho que te devoto. Mas chegará isso para me fazer feliz? Chegará isso para saciar a fome que tenho de ti? Chegará isso para que eu consiga ver a luz do Sol? Por mais que eu persista em rejeitar o conceito de felicidade, sei bem que a resposta a todas essas perguntas será um rotundo não. A tua ausência, a nossa separação, o silêncio, todos juntos, deixam-me entregue à minha rotineira tristeza, ao meu habitual desalento, à minha natural depressão. Porque, muito para além das nossas meras vontades, és tu a magia, a fantasia, o sonho e o encanto desta minha existência infeliz…

 By: Poeta Aprendiz 

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